quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A MITOLOGIA GREGA E O DEUS DESCONHECIDO


    Por mais que algumas pessoas se declarem ateias ou neguem o valor fé em sua vida é curioso como as religiões fazem parte integrante do cenário mundial em pleno Século XXI. Muitos céticos do passado como Karl Marx e Voltaire chegaram a supor que a religiosidade como opção de vida tenderia a desaparecer do mundo em menos de cem anos, contudo contrariando seu prognostico, segundo dados do Global Mister, existem cerca de dez mil e oitocentos diferentes tipos de religiões ou seitas número este que cresce ou tende a crescer a cada vez mais, os cristãos nesse senário somam aproximadamente mais de dois bilhões de seguidores o que se torna a maior agremiação religiosa do mundo, ultrapassa inclusive os mulçumanos que contam com mais de um bilhão de fiéis, em termos porcentuais temos; 1/3 do mundo se denominam cristãos, a segunda maior religião seria o islamismo que tem crescido muito ultimamente que a cada cinco pessoas no planeta uma é mulçumana, os Hindus perfazem 13 % da população esse concentram principalmente na índia a onde adoram milhares de deuses, os Budistas seguidores de Sidarta Gautama denominado Buda se concentram principalmente na Tailândia, Cambódia , Vietnã e Japão, juntos eles somam 6% do total da população do mundo, os Animistas são aqueles que seguem crenças tribais ou aborígenes como adoração aos espíritos da natureza estes também perfazem 6% da população.
     Esses dados foram feitos no ano de 2005, e a tendência parece não alterar muito nos próximos dados de pesquisas. Nesse assunto levantamos dois pontos curiosos o primeiro é o surgimento das chamadas novas religiões que são novas seitas sincretistas dispostas a combinar ou misturar o cristianismo com outras religiões orientais como o Budismo ou o Hinduísmo, a outra é o fato de que o número daqueles que se declaram sem religião ainda permanecem inferior aos que se dizem religiosos, 12 % se denominam sem nenhuma filiação religiosa enquanto 88% assumem seguir uma fé e portanto uma crença em Deus, a despeito dos avanços tecnológicos e científicos o ateísmo ainda não conseguiu dominar o mundo moderno.
     Por outro lado, não se pode dizer com certeza que tais números seriam motivo para a comemoração dos religiosos existem ainda muitos problemas sérios a serem resolvidos especialmente no mundo religioso que se vê as voltas como uma tremenda perda de piedade confessional que deveria caracterizar aqueles que diem acreditar em Deus, guerras em nome da fé perda de valores morais e falta de frutos espirituais na vida de muitos religiosos são apenas alguns de muitos desafios que o mundo nos apresenta a impressão que temos é que o mundo moderno a despeito de ser um planeta aparentemente recheado de fé está cambaleando sob os pesos de crises e incertezas que se avolumam mais e mais a cada dia, parece que a população mundial a civilização moderna marcha para o seu fim e já não há saída para o gênero humano, esse é o maior dilema do homem pós moderno.
     Fazendo um paralelo da história antiga é notória a semelhança entre a nossa época e o mundo Grego que produziu seus pensadores, estabeleceu suas academias, moldou a filosofia e ainda reges os nossos conceitos. Para facilitar a nossa compreensão desse assunto e a comparação que faremos com estas duas culturas é importante saber que a história da antiga Grécia pode ser dividida em cinco grandes períodos.
     Primeiro o período Micênico (Século XX até XII a.C) segundo período Homérico (Século XII até VIII a.C) terceiro período Aracaico (século VIII até VI a.C) quarto período Clássico (século VI até IV a.C) e finalmente o período Helenístico (século VI até IV a.C) foi no último período de maior expansão grega por todo o mundo ocidental, os gregos influenciaram tanto o mundo que se seguiu até os nossos dias que Freeman Butts historiador de educação americana declarou que: “Nós pensamos como pensamos, porque os gregos pensaram como pensaram.” No período que antecede o surgimento da filosofia clássica, os gregos estavam por demais cercados por uma verdadeira sindeose entre conceitos mitológicos e religião, eles enxergavam vida em quase tudo que o cercavam e buscavam explicações para tudo até para aquilo que não tinha explicação. A imaginação fértil desse povo criou personagens de figuras mitológicas de diversos tipos para toda a sociedade que queria obter os resultados desejados. A mitologia dos gregos é uma história complexa cheia de lutas e ciúmes que demonstram em muito o caráter daquelas divindades adoradas no olimpo, os gregos não acreditavam que o universo teria criado pelos deuses e sim exatamente o contrário, antes de existir os deuses os céus e a Terra haviam sidos formados e foram eles os primeiros pais dos gregos nasceram então os Titãs e somente depois os deuses ou seja os netos do Universo, uma versão bastante simplificada baseada na teogonia escrita por Hesíodo no VIII século a.C, diz que “No princípio havia apenas o caos e as trevas, e o caos deu origem a Gaia a Terra” personificada, uma espécie de primeira mulher não humana, tal como o caos Gaia possui uma forte natureza, pois mesmo sem o companheiro masculino ela gera sozinha a Urano que seria o céu, Hesíodo sugere que ela teria gerado Urano com o desejo de unir-se a alguém semelhante a si mesma em natureza, uma relação incestuosa entre ambos surgiu uma multidão de filhos entre os quais destacam-se os Titãs, uma poderosa raça de gigantes idealizadas em estatuas do período Homérico, os Ciclopes, gigantes inferiores as Titãs e os Sentimanos possuidores de brações e áreas letais. Urano era pai e irmão dessas criaturas bizarras. A ideia de fabricar deus da antiga Grécia tornou-se tão popular que segundo testemunhas de Plínio que viveu nos tempos de Nero, Atenas tinha cerca de trinta mil imagens públicas de deuses, fora os particulares que ficavam nas casas, Petroneos autor ironizou em uma afirmação dizendo: É mais fácil encontrar um deus em Atenas que encontrar um homem. Cada portal ou pórtico tem um deus protetor. Assim como as sociedades de hoje com as suas muitas filosofias e religiões.
     Atenas também era um verdadeiro reduto dos deuses até que um dia algo de estranho aconteceu naquele lugar, segundo o historiador Diórgenos Laercio, biógrafo dos antigos filósofos gregos que viveu no III século d.C , ele diz sob um filosofo que vivia isolado na ilha de Creta por volta de 600 a.C, este filosofo chamava-se Epinemedes, ele foi escritor de muitas obras filosóficas como “A lei dos paradoxos” e outros poemas que segundo a compreensão de alguns estudiosos repreendiam os seus patrícios gregos, especialmente atenienses e cretenses por terem abandonado o culto ao DEUS ÚNICO e VERDADEIRO preferindo seguir a multidão de deuses produzidas a partir do Olimpo, seus textos são citados inclusive na bíblia pelo apóstolo Paulo um dos filósofos do Cristianismo, Em Tito 1: 12-13 Paulo cita um verso sobre esse filósofo embora não mencione o seu nome Epinemedes ele dá-lhe o título de Profeta dos Gregos, o trecho de Paulo em Tito foi retirado de um poema paradoxal de Epinemedes intitulado “Crética” cuja cópia permaneceu até aos nossos dias, essas palvras também foram utilizadas por Paulo aos Atenienses em Atos 17:28. Certo dia diz o historiador Diórgenos uma terrível praga se abateu sob a cidade de Atenas, e todos começaram imediatamente a fazer as cerimonias de apaziguamento e sacrifícios para cada deus na esperança de que algum os atendessem, mas nada adiantou, nenhum dos deuses de Atenas tinha sido capaz de livrá-los desta praga, e o oráculo de Delco indicava a existência de um deus que não estava sendo agradada pelos atenienses, então convocaram Epinemedes que talvez soubesse como agradar a este deus desconhecido, ele veio e reuniu todos os líderes religiosos no ponto mais importante da cidade a colina de Marte, mais conhecida como areópago, ele soltou um rebanho de ovelhas no areópago orientando a população a seguir e erguer o altar aonde as ovelhas parassem, muitos ficaram incrédulos pois achavam que as ovelhas não desceriam a colina achando que as ovelhas seriam atraídas pela grama em derredor, mas muitas desafiando a lógica desceram, contudo não se dirigiram pra nenhum deus desconhecido mas pararam onde não havia imagem alguma para ser adorada, ali disse Epinemedes viriam então construir um altar sem estatua que seria dedicado ao Deus Desconhecido, aquele único Deus que os Gregos a séculos haviam deixado de adorar, vários altares foram então construídos em homenagem a este Deus desconhecido, e a praga sessou, o curioso é que com o passar do tempo o politeísmo contaminou novamente este culto monoteísta e logo passaram a falar de vários deuses desconhecidos. A arqueologia ainda não trouxe evidencias de altares originais que Epinemedes havia mandado erguer, mas encontraram um em Pérgamo com a inscrição no plural “Aos deuses desconhecidos” Pausaneas um historiador grego que visitou Atenas entrre 143 e 159 d.C relatou vários desses altares anônimos e declarou: O templo de Atenas Skiras também está aqui. Também, há um a Deus e, também, os desconhecidos” (Descrição da Grécia i.1,4). Apolônios de Tiania que morreu cerca de 98 d.C, também fala dos altares aos deuses desconhecidos e menciona o costume dos atenienses em jurarem em nome do Deus (singular) desconhecido. Epinemedes seja o exemplo de um politeísta em meio a trevas espirituais encontrou o Deus Verdadeiro, aquele a qual diz Paulo “...não está tão longe de cada um de nós...” Atos 17:27, quando o Apostolo Paulo falou em Areópagos para os filósofos gregos em Atenas Atos 17, ele fez referência ao altar que tinha como inscrição “ao Deus desconhecido” então disse que estava anunciando este Deus para os atenienses. O altar ao Deus desconhecido tinha uma história que tanto Paulo como os filósofos tinham conhecimento, e é exatamente este Deus que o mundo desconhece, muitos podem ter bastante informações a respeito dele, mas atualmente a maioria dos que professam crer nesse Deus se apresentam como uma geração narcisista e exclusivista, diferentemente do qual relata a história do início desta religião. 


Pontificia Universidade Católica de Goiás (PUC-GOIÁS)

Instituto de Pré-história e Antropologia (IGPA)

Acadêmico: Marciel Mendes de Avelar Pereira

Disciplina: Arqueologia

Documentário apresentado pelo Doutor Rodrigo Silva



Referências: 


Bowder, Diana - "Quem foi quem na Grécia Antiga", São Paulo, Art Editora/Círculo do Livro S/A, s/d
Livros de Diógenes Laertius, romano, ateu que escreveu sobre o gregos. 
Richardson, Don - "O Fator Melquisedeque", Cap. 1
Machado, José Pedro, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, verbete "Estrabão". Estrabão, Geografia, Livro X, Capítulo 4, 10 Diógenes Laércio, iii. 47

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