"Porque todos devem comparecer ante o Tribunal de
Cristo..." (2 Coríntios 5:10).
LAODICEIA,
A SÉTIMA IGREJA-Juízo
do Povo, ou Povo do Juízo
Em sua carta a
Laodiceia, a sétima e última igreja simbólica, Jesus identifica um povo
peculiar. Mesmo sendo representado como morno, orgulhoso e cego, carente da
graça salvadora, esse povo é objeto do extremo cuidado de Deus. Escolhido para
proclamar as mensagens de salvação ao mundo nos últimos dias, ele tem a
responsabilidade de restaurar as verdades do Evangelho Eterno, reparar as
roturas na eterna lei e retomar o antigo caminho que foi pervertido. Este é o
povo do tempo do Juízo, o remanescente de Deus. Estes são “os que guardam os
mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus”.
14.
Ao anjo da igreja de Laodiceia, escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e
verdadeira, a inspiração de Deus, na criação.
15.
Conheço as tuas obras e sei que não és frio e nem quente. Quem dera que fosses
frio ou quente.
16.
Assim, porque és morno, nem frio e nem quente, estou para te vomitar da minha
boca.
17.
Como dizes: Sou rico, estou enriquecido, e de nada tenho falta! Mas não sabes
que és um desgraçado, miserável, pobre, cego e nu.
18.
Aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças;
e vestes brancas, para que te vistas e não apareça a vergonha da tua nudez. E
também colírio, para ungires os teus olhos, a fim de que vejas.
19.
Eu repreendo e castigo a todos os que amo. Sê, pois, zeloso, e arrepende-te.
20.
Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
entrarei e comerei com ele, e ele comigo.
21.
Ao vencedor concederei assentar-se comigo no meu trono, assim como eu venci e
me assentei com meu Pai no Seu trono.
22.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Texto adicional
“E diz
Efraim: Contudo eu tenho-me enriquecido, tenho adquirido para mim grandes bens.
Em todo o meu trabalho não acharão em mim iniquidade alguma que seja pecado”.
(Oseias 12:8).
Pobre Efraim moderno! Não sabe a miséria espiritual em que se encontra.
Nunca houve tanto conhecimento da Palavra de Deus como no último período da
igreja cristã, que é identificada na carta a Laodiceia. As verdades do
Evangelho Eterno, reveladas, entendidas e multiplicadas, foram se avolumando ao
longo do tempo e se acumularam em grande bênção para o povo do tempo do juízo,
a igreja de Laodiceia.
No começo desse período se cumpriu a promessa feita por Deus, por intermédio do
profeta Isaías, de ligar novamente o “espírito de profecia”, ou seja, de
restabelecer o dom profético que esteve durante tantos séculos de trevas e
apostasia excluído do Seu povo. Assim afirmou o Senhor:
“Liga o testemunho, sela a lei no
coração dos meus discípulos” (Isaías 8:16).
Ora, a lei de Deus havia sido pisada e as Suas verdades jogadas por terra pelo
poder que as Sagradas Escrituras chamam de “Abominação da Desolação”, que
fizera isso e havia prosperado (Daniel 8:11-12). Quando o profeta perguntou até
quando o Senhor iria permitir que prevalecesse esse estado de coisas, com sua
verdade no chão, foi-lhe respondido que, 2.300 anos depois de uma data
estipulada, isso iria acontecer (Daniel 8:14 e 9:25). A data em que isso se
cumpriu foi o dia 22 de outubro de 1844. A partir dessa data “o santuário seria
purificado”, começaria o juízo celestial e a verdade começaria a ser
restabelecida.
Os “lugares antigamente assolados” seriam reedificados, os fundamentos da
verdade restaurados por aqueles que a Bíblia chama de “restauradores dos
caminhos e veredas”. Estes são os que desviam o pé do “Meu santo dia, e chamam
ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honram, não
fazendo a própria vontade nele e nem falando as próprias palavras” (Isaías
58:12-13).
Quem são, quando e onde fariam esta obra? Deus responde pelo mesmo profeta: São
aqueles que guardam o concerto do Senhor, todo homem que se guarda de profanar
o sábado. São os “filhos dos estrangeiros”, os gentios – aqueles que não são
judeus – “que se chegarem ao Senhor, para O servirem, e para amarem o nome do
Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que guardarem o sábado, não o
profanando, e os que abraçarem o Meu concerto” (Isaías 56:2-6).
A promessa para estes é de que serão levados e festejados ao Santo monte do
Senhor, à Sua santa casa – a Nova Jerusalém – e cavalgarão as alturas da Terra,
a Nova Terra, recebendo a eterna herança prometida, porque esta é uma promessa
provinda “da boca do Senhor”. (Isaías 56:7; 58:14).
A mensagem para esta igreja é a do “outro anjo” que João viu, simbolizando os
que teriam a sagrada incumbência de levar a todo o mundo a sublime mensagem de
restauração da lei do Senhor, e da advertência para o julgamento que começara
no Santuário Celestial:
“Temei a Deus, e dai-Lhe glória, porque
vinda é a hora do Seu juízo. E adorai Aquele que fez o Céu, e a Terra, e o
mar, e as fontes das águas” (Apocalipse 14:6-7).
Não tem como não associar essa mensagem com o sábado bíblico. As palavras são
idênticas, textuais, às do sagrado mandamento, desde quando foram primeiramente
instituídas por Deus no Éden, na criação, e quando, depois de 2.560 anos, foram
escritas com o Seu próprio dedo, em tábuas de pedra, no Sinai:
Gênesis 2:1-3 – “Assim os céus e a terra e todo o seu exército foram
acabados (1). E havendo Deus acabado no dia sétimo a Sua obra, que tinha feito,
descansou no sétimo dia de toda a Sua obra, que tinha feito (2), E
abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a Sua
obra, que Deus criara e fizera” (3) (Gênesis
2:1-3).
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar (8). Seis dias trabalharás,
e farás toda a tua obra (9); mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus.
Não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo,
nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das
tuas portas (10). Porque em seis dias fez o Senhor os céus, e a terra, o mar
e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor
o dia do sábado, e o santificou (11)" (Êxodo 20:8-11).
É muito claro o chamado para a adoração
ao Criador, através da observância do Seu dia de guarda, identificado na
Bíblia como sendo “o Seu sinal”
(Êxodo 31:13, 17; Ezequiel 20:12, 20). Ele está em clara e direta contraposição
à adoração da “Besta e à sua imagem”, pela observância do sábado espúrio, o
primeiro dia da semana, que é considerado “o sinal de sua autoridade”;
autoridade que supostamente lhe fora dada até para mudar a sagrada lei de Deus.
O grupo de pessoas que ficou conhecido pelo nome de “adventistas” por pregarem
o advento de Jesus e que perseverou após a grande decepção de 1844 veio de
muitas denominações religiosas diferentes. Eles se uniram na pregação dessa
sagrada mensagem e no ano de 1863 oficializaram a instituição que recebeu o
nome de Igreja Adventista do Sétimo Dia. A expressão “sétimo dia”, incorporada
ao nome da instituição, é uma referência ao sábado bíblico da Criação, o sétimo
dia da semana.
Esta é a única instituição religiosa no mundo que se originou de um movimento
profético. Ela é que representa o anjo da igreja que está em Laodiceia. Desde a
sua fundação tem sido seu propósito levar ao mundo as mensagens de restauração
das doutrinas bíblicas pervertidas pela Jezabel papal e hoje seguidas,
obedecidas, compartilhadas e ensinadas por grande parte do mundo religioso
ocidental, principalmente as chamadas igrejas protestantes, evangélicas ou
neopentecostais.
Estas mensagens restauradoras são as que estão simbolizadas por três anjos
vistos por João, com três mensagens específicas para o mundo. A primeira é a da
vinda do juízo e da chamada para adoração ao Criador, pela aceitação e
restauração do Seu dia de guarda, mensagem que teve início no ano de 1844. A
segunda é a da queda moral de “Babilônia”, a mãe da confederação religiosa
liderada por Roma e seguida por suas “filhas cristianizadas”, pela rejeição,
naquela época, da primeira mensagem.
A terceira é a advertência sobre a condenação impendente sobre os que, deixando
a adoração a Deus, preferirem a adoração à “besta”, representada pelo bispo de
Roma e a sua imagem. Esta imagem, a imagem da besta, é algo semelhante a ela,
pelo perfil autoritário e intolerante. Como a Roma papal da Idade Média, o
movimento religioso americano, liderado por protestantes e católicos,
influenciará o governo dos Estados Unidos da América a implantar um decreto que
logo terá abrangência mundial, impondo a todos a obrigatoriedade da guarda do
primeiro dia da semana, sob pena da perda dos seus direitos civis e de
cidadania.
O primeiro dia da semana, que no paganismo do passado era o dia de guarda dos
adoradores do deus sol, e que era conhecido por dia do sol, será imposto por
legislação civil como obrigação legal.
A Grande Babilônia é a igreja de Roma. As suas filhas são as que acatam algumas
das doutrinas da “mãe das prostituições e das abominações da Terra”, toda forma
de religião que toma o nome de Cristo, mas rejeita guardar os Seus mandamentos
e cumprir a Sua justiça.
Os que estão em Laodiceia são aqueles que a Bíblia identifica como os que
“guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus”, sendo por isso Suas
testemunhas (Apocalipse 12:17; 14:12).
Em que pese o seu chamado e o sagrado depósito que recebeu, nenhuma das sete
igrejas foi tão duramente advertida e tão severamente aconselhada pelas cartas
de Jesus, como Laodiceia.
Acusada de mornidão - esta condição é simplesmente desesperadora -, pois os que
assim estão não podem discernir a sua extrema situação de necessidade e vivem
um estado de ilusório privilégio.
Caso permaneça a mornidão – e a advertência é individual, dirigida a pessoas –
o resultado será eterna perdição. As pessoas serão “vomitadas” por Jesus,
excluídas do reino de Deus, mesmo acreditando estarem salvas. Existe
verdadeiramente o sério risco de não acordarem a tempo e de eterna perda, por
causa do seu orgulho.
RECORDANDO
O TEXTO DA CARTA
Nem és frio e nem quente:
É a deplorável
condição de mornidão, antes citada.
Rico, enriquecido, não tem falta de nada: Eles guardam os mandamentos
de Deus, inclusive o sábado do sétimo dia; foram batizados na igreja da
profecia e têm os seus nomes inscritos em seus registros; podem até ter deixado
práticas nocivas à saúde e ter-se abstido de alimentos que a Bíblia não
recomenda; participam dos cultos aos sábados e em outras ocasiões; devolvem
dízimos e ofertas, mas não têm o essencial: a comunhão plena que vem com a
oração; e a aflição da alma, o choro íntimo, por sua real condição diante de
Deus.
Pode existir aparência exterior, mas a pouca oração e comunhão revelam a falta
da verdadeira piedade cristã. Esquecem que a sua salvação não pode provir do
que eles fazem, mas sim do que eles são, ou melhor, do que eles se tornaram
pelo poder do Espírito Santo em suas vidas. A igreja de Deus hoje se assemelha
à igreja de Deus nos dias de Jesus.
Desgraçado: É uma palavra terrível e forte, que revela a falta da
graça, que é o título para o Céu, e a garantia da salvação. Quem não tem a
graça está perdido. Esta é, infelizmente, a condição da maioria dos que estão
na igreja de Laodiceia, a sétima e última destinatária das cartas de
Jesus. Desgraçado é o mesmo que perdido.
Miserável: É a condição de extrema pobreza espiritual das pessoas que
pensam que estão fartas, bem nutridas, mas padecem de uma doença espiritual
crônica. Cumprem-se em nossos dias as palavras de Deus registradas por Seu
profeta:
“Será também como o faminto que sonha que está a comer, mas acordando, sente a
sua alma vazia; ou como o sequioso que sonha que está a beber, mas acordando,
eis que ainda se acha desfalecido, e a sua alma com sede” (Isaías 29:8).
Muitos infelizmente encontram-se na condição que Jesus identificou, e que se
não atenderem ao Seu terno convite, certamente ouvirão de Seus lábios as
terríveis palavras:
”Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim” (Mateus 7:23; 25:41).
Não será sem terrível e dolorosa surpresa que receberão essa condenação.
Pobre: É quase a mesma coisa que miserável. Pensam ter, mas não têm.
Cego: É a situação dos que acreditam conhecer toda a verdade,
interpretar todas as profecias e possuir todo o conhecimento da Bíblia. Na
verdade ensinam teorias e muitas delas absurdas, “nostradamizando” as profecias
sagradas de Deus. A maior parte das interpretações tradicionais das profecias
de Daniel e Apocalipse que são hoje ensinadas pelas publicações, emissoras e
púlpitos teve origem numa época em que estas
profecias ainda estavam seladas e não era tempo para serem reveladas.
Desde Vitorino no quarto século e São Jerônimo, no quinto século da Era Cristã,
as sagradas profecias começaram a ser estudadas e interpretadas. Martinho
Lutero, mais de mil anos depois e Isaac Newton, duzentos anos depois dele,
também tentaram decifrar os símbolos e ensinos contidos no livro da Revelação.
Várias sugestões foram confirmadas e muitas outras não. Afinal eles eram homens
de Deus, mas apenas homens.
Também muitos pioneiros adventistas arriscaram interpretações e nem todas se
têm confirmado porque, afinal, elas ainda estavam “fechadas e seladas” e não
poderiam, ainda, ser compreendidas. Mesmo que cheio de boas intenções não era
tempo de que as profecias fossem reveladas.
Para não ficarem sem explicação deram-se interpretações muitas vezes
incorretas, que nem um pouco se parecem com a realidade profética nelas
contidas. Repassadas de geração em geração elas são acatadas e nada acrescentam
ao conhecimento essencial, antes provocam grande prejuízo espiritual, por sua
irrelevância e pela falsa segurança que incentivam.
Essas falsas interpretações são muitas vezes defendidas como se fossem verdades
inatacáveis. São interpretações tradicionalmente
aceitas por pessoas ilustres que, mesmo bem intencionadas, têm ensinado o erro.
Mas estas falsas teorias não são
interpretações oficiais da igreja. Pessoas eruditas, mestres e
doutores, discorrem sobre temas sagrados sem o respeito a eles devido,
ignorando as severas advertências para os que ensinam o erro, omitindo ou
acrescentando coisas estranhas ao propósito divino (Apocalipse 22:18-19). Sua boa intenção não os pode desculpar.
Profecias que iluminam o futuro, mostrando os acontecimentos finais dos últimos
dias, são interpretadas como se mostrassem o passado remoto, destituído de
significado. E as multidões na igreja ficam a dormir, embaladas em uma falsa
segurança, desinformadas da sua grande e premente necessidade.
Os acontecimentos medievais devem ser
completamente descartados da interpretação profética do livro de Apocalipse.
Não se deve confundir a futura hegemonia papal e o período do seu segundo
domínio como se fosse o poder que Roma exerceu no passado. Os períodos são
distintos e não devem ser confundidos, pois são completamente diferentes,
apesar das semelhanças que apresentam.
Ellen G. White, a mais notável das beneficiárias do poder com que o Espírito
Santo dotou essa igreja remanescente ao religar o Espírito de Profecia,
reconheceu com humildade e coragem a sua carência, quando já idosa escreveu em
1892:
“Temos muitas lições a aprender, e
muitas, muitas a desaprender. Unicamente Deus e o Céu são infalíveis. Os que
pensam que nunca terão de desistir de um ponto de vista acariciado, nunca ter
ocasião de mudar de opinião, serão decepcionados. Enquanto nos apegarmos às
próprias ideias e opiniões com determinada persistência, não podemos ter a
unidade pela qual Cristo orou”. (Review and Herald, 26 de julho de 1892,
texto repetido nas seguintes publicações: Testemunhos
para Ministros e Obreiros Evangélicos, pag. 30; Mensagens Escolhidas, Vol. 1, pag. 37; A Igreja remanescente, pag. 26; Vida e Ensinos, pag. 203).
Se tivermos muitas lições a aprender é porque não aprendemos tudo. E se temos muitas mais a desaprender,
obviamente é porque muitas das lições
que foram aprendidas estão erradas. A clareza do texto não dá margem a
outro entendimento.
Julgando suficiente pertencer à igreja verdadeira, as pessoas descansam numa
falsa segurança e caminham despreocupadamente em direção ao abismo e à ruína
eterna.
Agem como os judeus do passado, que acreditavam que lhes bastasse a filiação e
descendência de Abraão para lhes garantir uma condição que não possuíam. Não
conseguem discernir sua real necessidade e displicentemente dormem como as
virgens néscias da parábola de Jesus. É dramática a afirmação que Ellen G.
White faz desse povo e dessa época, que é o nosso povo e a nossa época:
“É uma solene declaração que faço à igreja, de que nem um entre vinte
dos nomes que se acham registrados nos livros da igreja, está preparado para
finalizar sua história terrestre, e achar-se-ia tão verdadeiramente sem Deus e
sem esperança no mundo, como o pecador comum”. (Serviço
Cristão, pag. 41, citado em Eventos Finais, pag. 149).
Um em cada vinte equivale a uma proporção de cinco por cento,
ou seja, de cada cem pessoas, menos de cinco estão preparadas, e mais de
noventa e cinco acham-se verdadeiramente perdidas, mesmo dentro da igreja de
Deus. Terrível e assombrosa constatação, que deve ser levada a sério por todos,
antes que seja tarde demais.
Agora, uma reflexão necessária: Quem são os principais responsáveis por
este estado de coisas e a quem cabe a principal parcela de culpa por esta
situação?
Ah! Os nossos líderes que não abraçaram a causa de Cristo e não estão
consagrados a essa sublime missão! Que grande responsabilidade pesa sobre os
seus ombros! Como os antigos guias judaicos do tempo de Jesus, muitos são
sábios aos seus próprios olhos, honrados, satisfeitos e orgulhosos, eles não
discernem a sua real situação e a da igreja que dirigem.
Dizem que está tudo bem, quando nada está bem, realmente! Não dão à
trombeta o sonido certo, não entram no Reino de Deus e impedem os que estão entrando,
de entrar. Preocupam-se, muitas vezes, em fazer números, atingir alvos e metas,
batizar pessoas indiscriminadamente, sem o devido preparo, orientação e
posterior acompanhamento.
E depois de registrados e contados na igreja como número, são quase que
abandonados e ignorados à própria sorte. Repete-se a história de dois mil anos
atrás, nas palavras de Jesus:
“Ai de vós,
hipócritas! Pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e,
depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós.
Ai de vós, condutores cegos!” (Mateus 23:15-16).
Não existe nestas palavras o propósito de acusar, julgar ou condenar
ninguém. Todos que exercem liderança e influência – quer sejam voluntários ou
não -, cada um deverá responder por seus atos, diante de Deus. Mas se estas
palavras de advertência servirem para despertar alguém para a sagrada obra que
está sob sua responsabilidade e para dela se desincumbir com fidelidade, amor e
temor, o seu propósito estará cumprido.
Ocorre, entretanto, o fato de que a repreensão e os avisos dados, em vez
de provocar o arrependimento, a reforma e a mudança de atitude, não raro
despertam a ira e provocam ressentimentos e retaliação. Aconteceu assim no
passado e a história se repete, muitas vezes. É o que assegura Ellen G. White,
ao advertir sobre o futuro da igreja, e da mensagem que irá provocar uma
“sacudidura” nela, ou o que chama de “joeiramento” - a separação entre o joio e
o trigo, antes da volta de Jesus:
"Temos muito
mais a temer de dentro do que de fora. Os obstáculos à força e ao êxito são
muito maiores da parte da própria igreja do que do mundo. Os incrédulos têm
direito de esperar que os que professam observar os mandamentos de Deus e ter a
fé de Jesus, façam muito mais que qualquer outra classe para promover e honrar
mediante sua vida coerente, seu exemplo piedoso, sua influência ativa, a causa
que representam. Mas quantas vezes se têm os professos defensores da verdade
demonstrado o maior entrave ao seu progresso! A incredulidade com que se
contemporiza, as dúvidas expressas, as sombras acariciadas, animam a presença
dos anjos maus, e abrem o caminho para a execução dos ardis de Satanás”.
(Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 122; Ref. em Eventos Finais, pag.
156-Destaque acrescentado).
Nu: Resta ainda a condição de
nudez dos membros da igreja de Laodiceia. O que significa isso? A justiça de Cristo é representada por
vestes que não foram tecidas nos teares da Terra. Somente com esta roupa é que
o homem pode apresentar-se diante do Tribunal do Juízo de Deus, para ser
justificado pelas perfeitas obras de Jesus. Mas rejeitando estas, preferem as
vestes rotas de sua justiça própria. Estes são os que são representados no
banquete da parábola de Jesus, e serão dele expulsos. Muitos são chamados, mas
a maioria não aceita as condições para ser admitido nas bodas do Cordeiro
(Mateus 22:1-14).
Mas a carta não fala apenas de dureza, condenação e repreensão. Ela fala também
de misericórdia e esperança. Ela fala de salvação e poder, porque é desse povo
que vão surgir aqueles que serão os verdadeiros representantes de Deus no
período mais agudo da rebelião e do pecado. Serão eles que irão testemunhar,
para os anjos e para todo o Universo, da justiça do Criador. Eles serão as suas
testemunhas e irão responder ao chamado de Deus e reivindicarão a Sua justiça
perante toda a comunidade Universal.
Ao viver uma vida de perfeita obediência aos mandamentos da lei de Deus depois
que Jesus sair do Santuário Celestial, terminado o Juízo no Céu e encerrada
toda a oportunidade de salvação, estarão dando uma resposta conclusiva de que é
possível, sim, ao homem, viver em perfeita harmonia com a lei que é uma
transcrição do caráter do Senhor.
A carta fala também do conselho e da ternura do Pai e convida ao arrependimento
e à reforma de vida. Tudo que Jesus recomenda que seja comprado é sem preço. É
uma compra sem dinheiro. É a manifestação da misericórdia e da graça divina.
Ouro provado no fogo, para enriquecer
de verdade: O que é o ouro provado no fogo?
“O
ouro provado no fogo é a fé que opera por amor. Somente isto nos pode pôr em
harmonia com Deus. Podemos ser ativos, podemos executar muito trabalho; mas sem
o amor, amor como o que há no coração de Cristo, nós jamais podemos ser
contados na família celestial”. (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, pag. 158).
Vestidos brancos, para não aparecer a
vergonha da nudez: São o símbolo da salvação. São as perfeitas obras de
Jesus, representadas por Suas resplandecentes vestes de Justiça, apresentadas
diante do Tribunal de Deus, em lugar dos nossos “trapos da imundícia” - a nossa
pobre justiça própria -, por maiores e mais bem intencionadas que sejam essas
boas obras (Isaías 64:6). A nossa redenção custou um preço elevado, caríssimo,
que só pode ser avaliado na eternidade (Salmos 49:8).
Colírio, para enxergar: É o
discernimento espiritual, que só pode ser adquirido com a sabedoria que vem do
Céu, com a humildade do Espírito e o desapego do lixo acumulado pelas tradições
e superstições. Quando deixados de lado o orgulho, o desejo de exaltação
própria e as ambições por honrarias humanas, os olhos são abertos e o
conhecimento jorra fazendo as pessoas sábias para a salvação. Estão prontas
para receber e compartilhar os tesouros do Céu, como instrumentos nas mãos de
Deus.
Repreensão de amor: Como um
pai castiga ao filho que ama assim o Senhor castiga aos Seus filhos a quem Ele
ama com amor incompreensível para mentes e corações humanos. Ele não tem prazer
no sofrimento desses filhos, mas tudo fará para livrá-los da condenação da morte,
ainda que para isso tenha que afligi-los, contrafeito e entristecido. Essa
imagem está sobejamente registrada no Livro Sagrado: Deuteronômio 8:5;
Provérbios 3:12; 19:18; 22:15; 23:13-14; 29:15, 17; Hebreus 12:7.
Jesus
está batendo à porta: Jesus afirmou que o Seu
corpo verdadeiramente é comida e que o Seu sangue verdadeiramente é bebida.
Isto é inteiramente simbólico e nada tem a ver com a grande abominação que é a
doutrina papal da transubstanciação, que afirma ser a Eucaristia o corpo real e
o próprio sangue de Jesus. O significado real do que a Escritura ensina é que
precisamos de íntima ligação com Jesus, por meio do Espírito Santo, que é o Seu
representante aqui na Terra.
Podemos e devemos
viver a Sua vida e deixar que Ele viva em nós, como aconteceu com o apóstolo
Paulo, quando ele afirmou:
“Já estou
crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida
que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se
entregou a Si mesmo por mim” (Gálatas 2:20).
A grande tragédia é que Jesus está do lado de
fora, pedindo entrada, mas do lado de fora!
O homem, feito de barro, é representado na Palavra de Deus como sendo
morada do Espírito Santo. (Jó 4:19; I Coríntios 6:10). Jesus afirmou que se
Deus não habitar no homem, o diabo habitará em Seu lugar. A mente e o coração
não ficam neutros. Ou serve de habitação para Jesus, por meio do Espírito
Santo, ou de morada para espíritos de demônios (Mateus 12:43-45). Não existe
neutralidade, é o que Jesus afirma taxativamente:
“Quem não é comigo é contra Mim; e quem
comigo não ajunta, espalha” (Lucas 11:23).
A vitória do remanescente:
Não são todos e nem são muitos os que, entre o povo de Laodiceia, serão
vencedores. Está escrito:
“Ainda que o número dos filhos de Israel
seja como a areia do mar, só um resto se converterá; só o remanescente será
salvo” (Isaías 10:22; Romanos 9:27).
O que ouvir a repreensão e o conselho da Testemunha Verdadeira e aceitar o Seu
jugo é que se assentará com Jesus em Seu trono e participará do Seu reino
eterno, é a promessa da Revelação. Agora é o dia e a hora da decisão, como
alerta o profeta:
“Multidões, multidões no vale da
decisão! Porque o dia do Senhor está perto, no vale da decisão. O sol e a lua
se enegrecerão, e as estrelas retirarão o seu resplendor” (Joel 3:14-15).
Os de Laodiceia são hoje mostrados no Livro de Deus como sendo ossos muito
numerosos e sequíssimos, num vale que estava cheio de ossos secos. Esse é o
vale da decisão. Mas O Espírito de Deus assoprado sobre eles vai transformá-los
em um exército grande e poderoso - o Seu exército.
Revestidos de toda a armadura de Deus, firmes contra as astutas ciladas do
diabo, lutando não apenas contra a carne e o sangue, mas também contra os
príncipes das trevas, contra as hostes espirituais da maldade (Ezequiel
37:1-11; Efésios 6:11-12), serão mais que vencedores. É uma promessa
maravilhosa!
Por isso é que durante o tempo que se chama Hoje é necessário que se exortem,
uns aos outros, para que porventura nenhum se veja endurecido pelo engano do
pecado, ao ouvir a voz do Espírito, esquecida a promessa do Reino futuro, sendo
deixado para trás (Hebreus 3:13, 15 e 4:1).
Muitos dos que hoje dormem na mornidão laodiceana, mas que têm guardado o
azeite do Espírito em suas lâmpadas, acordarão com o alto clamor da convocação
do Comandante Celestial e serão alistados no Seu exército. São as joias mais
preciosas de Deus, hoje contaminados pelas escórias dos defeitos e da
fragilidade de sua natureza humana. Mas o fogo da tribulação do tempo de
angústia irá prová-los, purificá-los e embranquecê-los no tempo do fim (Daniel
11:35).
E assim, quando forem purificados, e embranquecidos, e provados (Daniel 12:10),
darão o testemunho em favor do Seu Deus. Guardarão fielmente todos os Seus
mandamentos, inclusive aquele que ordena a santificação do sábado do sétimo
dia, mesmo contra a expressa proibição de um decreto dominical de feitura
humana, levantado por sua causa.
Mesmo com o risco de perder a própria vida. E muitos morrerão. Mas para esses,
que não guardarão o dia que representa o “sinal da besta”, existe uma bendita
esperança e promessa por guardarem fielmente o dia que a Bíblia chama de “o
sinal de Deus (Ezequiel 20:12 e 20):
“Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o
Espírito, para que descansem dos trabalhos, e as suas obras os sigam” (Apocalipse
14:12-13).
Eles parecem ter perdido a sua vida, mas na realidade o que fizeram foi
ganhá-la, pois não a tiveram por preciosa, porque Jesus já prometera antes:
“Quem ama a sua vida, perdê-la-á e quem aborrece a sua vida guardá-la-á para
a vida eterna” (João 12:25).
Ele foi mais claro ainda, relacionando-a a Si, ao repetir esta bendita promessa
aos que ouviram o Seu chamado e O escolheram por amor, contra tudo e contra
todos:
“Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de Mim, achá-la-á” (Mateus 16:25).
O maior perigo para Laodiceia é a mornidão, representada na parábola das 10
virgens (Mateus 25:1-13). As 5 virgens loucas acreditam que por pertencerem à
Igreja de Deus estão seguras. Engano fatal! A única segurança está na graça
salvadora de Jesus. Não importa a profissão de fé ou a aparência, se não
estiverem ligados na Videira Verdadeira não terão vida em si mesmos e
fatalmente perecerão.
Muitos esperam sinais claros que indiquem o cumprimento das profecias para
iniciar uma reforma de vida e o abandono de hábitos condenáveis e das coisas
aprazíveis deste mundo, incompatíveis com as condições do Reino de Deus. A
esperança destes é vã. Sua experiência, desafortunadamente, será semelhante às
de Judas, o apóstolo traidor, e Saul, o rei rebelde. Seu arrependimento tardio
não os livrará das consequências dos seus atos, porque não é verdadeiro. Choram
pelas suas inevitáveis consequências e voltariam a escolher o antigo caminho,
se lhes fosse dada nova oportunidade.
Quando Jesus abrir o sexto selo e começar o julgamento dos vivos será tarde
demais para o preparo dos que perseverarem na negligência de suas mais
elementares obrigações. Foram pesados já na balança e achados em falta. Então
se cumprirão as terríveis palavras do profeta:
“Eis que vêm dias, diz o Senhor Jeová, em que enviarei fome sobre a Terra,
não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor (11). E
irão vagabundos de um mar até outro mar, e do Norte até ao Oriente; correrão
por toda a parte, buscando a Palavra do Senhor, e não a acharão (12). Naquele
dia as virgens formosas e os mancebos desmaiarão de sede
(13)” (Amós 8:11-13).
É importante notar a impressionante semelhança e conexão entre os diversos
textos das Escrituras que tratam do sagrado tema. Os dias em que isso
acontecerá no futuro próximo são identificados em todos os textos, que
mencionam sinais extraordinários no céu e na natureza (Amós 8:9-10; Joel
2:28-32; Lucas 21:25-26; Apocalipse 6:12-13).
Mas o final dessa história é feliz para os fiéis de Laodiceia:
“Bem-aventurados aqueles que lavam as
suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da
vida, e possam entrar na cidade pelas portas” (Apocalipse 22:14).
João os viu, depois de tudo terminado. Eis a descrição que fez deles:
“E olhei, e eis que estava o Cordeiro
sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que em suas testas
tinham escrito o nome de Seu Pai (1). E ouvi uma voz do céu, como a voz de
muitas águas, e como a voz de um grande trovão; e ouvi uma voz de harpistas,
que tocavam com as suas harpas (2). E cantavam um cântico novo diante do trono,
e diante dos quatro querubins e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico,
senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra (3). Estes
são os que não foram contaminados com mulheres; porque são virgens. Estes são
os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. Estes são os que dentre os
homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro (4). E na
sua boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis diante do trono de
Deus (5)” (Apocalipse 14:1-5).
Esse é o glorioso futuro que espera o povo de Laodiceia. Os que hoje dormem
embalados numa falsa segurança precisam urgentemente despertar, reconhecendo a
sua real situação. A mudança é necessária e indispensável. Se não houver
decisão não haverá mudança. E nem salvação.
Eis alguns textos que merecem ser lembrados e guardados:
“Durante séculos de trevas espirituais
a igreja de Deus tem sido como uma cidade edificada sobre um monte. De século
em século, através de sucessivas gerações, as puras doutrinas do Céu têm sido
desdobradas dentro de seus limites. Fraca e defeituosa como possa parecer,
a igreja é o único objeto sobre que Deus concede em sentido especial Sua
suprema atenção. É o cenário de Sua graça, na qual Se deleita em
revelar Seu poder de transformar corações” (Ellen G. White, Atos dos apóstolos,
pag. 12, destaque acrescentado) .
“Caso nos ponhamos ao lado de Deus, de Cristo e dos seres celestiais, a
proteção da Onipotência se encontrará sobre nós, o poderoso Deus de Israel será
nosso ajudador, e não precisamos temer. Aqueles
que tocam no povo de Deus, tocam na menina de Seus olhos” (Mensagens
escolhidas, vol. 2, pag. 273).